sábado, 31 de dezembro de 2011

AMOR INCONDICIONAL EM 2012

Último dia do ano. Hora de fazer uma balanço do que foi o ano de 2011. Avalio positivimente. O mundo em crise, principalmente, a Europa e os EUA e nós aqui batalhando duro para que as coisas não cheguem ao estágio de lá. E conseguindo, embora o PIG  e seus colunistas (os mesmos de sempre) afirmem o contrário. Ainda preciso descobrir em que país eles vivem, pois não acredito que morem no Brasil nos últimos nove anos. Hora de avaliar o que não deu certo e utilizar esses percalços para crescer e acertar no ano vindouro, mas principalmente, hora de agradecer a DEUS pela força para levantar e ir à luta e pelo que deu certo. Sim, porque foram muitos os acertos, mas precisamos continuar na luta em busca de um mundo cada vez melhor, em busca da paz, da irmandade necessária, do amor ao próximo, do perdão, do combate a fome, a probeza, a desigualdade, a violência.A receita é simples e foi dada a mais de dois mil anos pela maior homem da história da humanidade Jesus Cristo: Amai-vos uns aos outros.

sábado, 17 de dezembro de 2011

O FIM DOS DEMOcratas


RN: Último bastião do DEM está ruindo

Por Altamiro Borges

Pesquisa do Instituto Perfil divulgada nesta semana confirma que Rosalba Ciarlini, a única governadora que sobrou no DEM, está na pior no Rio Grande do Norte. Ela é rejeitada por 59,93% dos entrevistados. Apenas 28,71% aprovam sua trágica gestão. Entre os 27 governadores de estado na federação, a sua popularidade é das mais baixas – um desastre completo.

Pior do que ela só mesmo a prefeita de Natal, Micarla de Souza, que é desaprovada por 89,7% da população da capital. Filiada ao PV, a verde gestora venceu as eleições de 2008 com o apoio do presidente nacional do DEM, o senador Agripino Maia. Junto com os demos, ela agora também caminha para o inferno. Neste ano ocorreram vários protestos populares exigindo o “Fora Micarla”.

Queda de popularidade e corrupção

Quando da criação do PSD pelo ex-demo Gilberto Kassab, especulou-se que Rosalba e Micarla abandonariam o barco e deixariam o presidente do DEM pendurado na brocha. Mas elas recuaram e agora pagam o mico do desgaste dos demos. Segundo as más línguas, elas sofreram violenta pressão e até ameaças de revelações sobre os esquemas de financiamento das suas campanhas. 

Em novembro passado, o suplente do senador Agripino Maia, o rico empresário tucano João Faustino foi preso e indiciado como integrante da quadrilha que fraudou a inspeção veicular no Rio Grande do Norte. Há suspeitas de que parte da grana roubada dos cofres públicos serviu para alimentar o caixa dois de várias campanhas eleitorais dos demotucanos – no estado e no Brasil. 

Haverá lugar para os demos no inferno?

Vale sempre lembrar que João Faustino já foi subchefe da Casa Civil do ex-governador José Serra, em São Paulo, e que participou do comando da campanha do tucano em 2010, como responsável pela “arrecadação de recursos”. A mídia demotucana evitar tratar do assunto, o que confirma sua seletividade e partidarismo. Mas o escândalo continua rendendo no estado nordestino. 

A queda de popularidade de Rosalba e Micarla e as denúncias de corrupção contra João Faustino indicam que o DEM está prestes a perder o seu último bastião no Brasil. Nos últimos meses, a legenda definhou: perdeu um governador (SC), uma senadora (TO) e 17 deputados federais, além de prefeitos e vereadores. O seu fim está próximo. Será que haverá lugar para os demos no inferno?

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A ROUBALHEIRA TUCANA

Os últimos dias trouxeram a publicação do livro do jornalista Amauri Júnior, "Privataria Tucana" (a primeira edição esgotou em um dia) que desnuda tudo aquilo que parte dos jornalistas independentes já afirmavam: o assalto aos cofres públicos durante as privatizações promovidas pelo governo FHC. Por menos, o Fujimori, ex-presidente do Peru foi condenado a 25 anos de prisão. Por isso, cheira a demagogia as bravatas de membros da oposição com relação a corrupção. São discursos de quem não quer combater a corrupção, apenas desejam a retomada do poder para poder continuarem lesando os cofres públicos de maneira impune como fizeram durante os oito anos que estiveram no poder e não se investigava nada, hoje é diferente, os casos acontecem e a Polícia Federal, a CGU e o Ministério Público estão atuando, prendendo e descobrindo a atuação de quadrilhas, alem da transparência que acontece no serviço público, facilitando muito a fiscalização por parte da população e a denúncia de irregularidades. Leio um resumo muito interessante da atuação de grupos durante as privatizações no governo FHC no Blog "Conversa Afiada" do jornalista Paulo Henrique Amorim e gostaria de compartilhar com vocês:

O Amaury cita o Aloysio Biondi – “O Brasil Privatizado”, editora Fundação Perseu Abramo – para demonstrar que o Governo do Farol de Alexandria e seu Supremo Planejador, Padim Pade Cerra, PAGOU para vender o patrimônio.

Isso mesmo.

Entre “moedas podres”, reajuste de tarifas, investimentos pouco antes da venda e empréstimos de pai para filho do BNDES, o Governo Cerra/FHC gastou mais do que arrecadou para vender a Vale, as teles, as empresas de energia.

O Biondi mostra que o Malan, que não podia mentir ao FMI, confessou que, com a privataria e tudo, as contas do Governo Cerra e FHC eram do gênero “falimentar”.

E, por pouco, pouco Cerra e FHC não vendem o Banco do Brasil, a Caixa e a jóia da Coroa, a Petrobrax.

(Este ansioso blogueiro já afirmou que o Banestado foi a Petrobrax dos tucanos.)

Ou, como diz o Delfim: o Fernando Henrique vendeu o patrimônio da família e aumentou a dívida.

Um jenio !

Jenio ou esperrrto ?

Recomenda-se ao amigo navegante comprar, urgente, o livro do Biondi, enquanto o Cerra não manda confiscar a edição.

E veja lá.

Como o tucano Marcelo Alencar vendeu o BANERJ.

Vendeu por R$ 330 milhões e, antes, fez um empréstimo de R$ 3,3 bilhões para pagar os direitos trabalhistas e entregar o BANERJ zerado.

E não foi em cana.

A CSN foi vendida por R$ 1 bi sendo R$ 1 bi em moeda podre.

(E ainda teve a briberization do Ricardo Sergio.)

Como Mario Covas simulou a “quebra” do Banespa para poder vendê-lo.

Como o Governo de São Paulo absorveu 10 mil funcionários da Fepasa, para vendê-la zerada. 

Para vender a Vale – por insistência do Cerra – o Fernando Henrique ignorou a descoberta de uma fabulosa jazida (que não entrou no preço) e R$ 700 milhões que a empresa tinha em caixa.

A Telefônica deu R$ 2,2 bilhões de entrada pela Telesp, que tinha R$ 1,2 bilhão em caixa.

No capítulo Telebrás (o do Dantas), o Biondi acrescenta: “o escândalo”.

Dois anos antes de vender, quando já sabia que ia vender, o Governo Cerra/FHC ampliou os investimentos nas teles, num total de R$ 21 bilhões.

E vendeu por R$ 22 bilhões, quando o trator Sergio Motta tinha dito que ia vender por R$ 35 bi.

Sumiram nas “consultorias” que fixaram o preço final de venda a bagatela de R$ 13 bilhões.

Com a privatização, veio o descongelamento das tarifas.

E os compradores, ou “compradores”, como diz o Biondi, além de usar “moedas podres”, consumavam a “compra” com generosos empréstimos do BNDES.

O livro do Biondi já botava todos eles na cadeia.

(Inclusive os jenios da PUC que foram para ao BNDES.)

(Sem falar no livro “Cabeça de Planilha”, do Luis Nassif, que descreve a jenialidade – ou esperrrteza – do Andre Lara Rezende.)

Em 1999 e 2000, Biondi já previa que a privatização do Cerra e do Fernando Henrique viria a ser a maior roubalheira de todas as privatizações da América Latina.

E olha que para emular o Salinas e o Menem foi preciso roubar muito !


Paulo Henrique Amorim

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

SÓCRATES, O BRASILEIRO

O Brasil está de lperda de um exemplo como ser hum



































O

04/12/11 

“Eu tenho um sonho.” Essa frase praticamente define a ação do grande líder Martin Luther King (o rei da causa negra, eu diria), que passou a vida lutando pela igualdade de direitos entre brancos e negros nos Estados Unidos, em um tempo que privilegiava o homem branco no transporte, nas escolas, na cidadania. Foi assassinado em 1968 exatamente por lutar pelas conquistas que ele ajudou a serem alcançadas. Com destemor e liderança, enfrentou os maiores obstáculos, insurgiu-se contra a guerra e a discriminação. Marcou época em um período de grandes transformações sociais.
O mesmo ano de 1968 ficou marcado pelas manifestações dos estudantes na Sorbonne parisiense, que ergueram barricadas em sua luta por mudanças. “Nós somos judeo-alemães”, era o grito que ecoava; queriam demonstrar que todos somos iguais, sejamos negros, sejamos árabes ou brancos. Esse era o slogan daquela juventude que lutava por liberdade, autonomia e independência. Provocaram muitas mudanças, colocaram de cabeça para baixo qualquer tradição ou vício social. Antes, as mulheres eram tratadas como menores e as opções sexuais como fantoches. Daniel Cohn-Bendit simbolizou aquele movimento. Dani,comotodos os outros, também tinha um sonho.

Ellen Sirleaf, a primeira mulher a ser eleita presidente da Libéria; Leymah Gbowee, também liberiana e que liderou a chamada greve de sexo de suas compatriotas; e Tawakul Karman, ativista iemenita, figura fundamental no país onde praticamente se iniciou a Primavera Árabe, que derrubou boa parte dos antigos regimes de várias nações árabes neste ano, foram agraciadas pelo Nobel da Paz de 2011 por suas lutas pelos direitos das mulheres africanas, pela paz e pela democracia. Essas fortes mulheres também têm um sonho.
Nelson Mandela lutou a vida toda contra o apartheid, termo que explicita a segregação racial então vigente na África do Sul, onde a população negra não possuía os mesmos direitos políticos, sociais e econômicos que a minoria branca. Por isso permaneceu preso durante 26 anos. Nelson é autor de frases definitivas como: “Sonho com o dia em que todas as pessoas se levantarão e compreenderão que foram feitos para viver como irmãos” ou “não há caminho fácil para a liberdade”. Ou ainda “a queda da opressão foi sancionada pela humanidade e é a maior aspiração de cada homem livre” e “uma boa cabeça e um bom coração formam uma formidável combinação”. Mandela até hoje corre atrás dos seus sonhos e aspirações de liberdade, igualdade e fraternidade entre os homens. Um belo exemplo de compromisso com seu povo e com a humanidade.
Entre os brasileiros também encontramos idealistas natos, como Luiz Carlos Prestes, que doou sua vida e até acompanhou a morte da mulher Olga, assassinada em um campo de concentração nazista, por uma causa onde a justiça e a igualdade eram os valores proeminentes. Ou Antonio Conselheiro, líder de Canudos, cuja guerra foi tão bem relatada por Euclides da Cunha em Os Sertões. Com a gente paupérrima e sofrida pela fome, seca e falta de perspectiva econômica e social, ele criou uma comunidade de pura sobrevivência e que foi esmagada pelo Exército brasileiro. Como se perigosos fossem. O único perigo,como sempre, era o do exemplo que poderiam dar a gente com os mesmos problemas. Eles também sonharam.
Inversamente, há poucos dias, o presidente da Fifa veio a público para dizer que não há racismo no futebol e que as agressões que ocorrem dentro de campo poderiam ser resolvidas com um simples aperto de mãos. Uma visão cega e fascista da realidade. Os negros estão expostos na sociedade ocidental desde sempre e isso não desapareceu. A reação foi imediata e o fez recuar, mas um pensamento não desaparece por causa do que provoca. Tentar esconder algo tão incrivelmente absurdo é de uma ingenuidade que um ser de 70 anos não tem o direito de possuir. Pior, utilizar análises simplistascomoessa, para encobrir a realidade daquilo que comanda, é pura perversão de caráter.
Nada mais endêmico (junto com a corrupção) entre aqueles que comandam o futebol. Certamente os negros de todo o planeta se sentiram agredidos, menos um: Pelé. Que de preto parece ter somente a cor da pele. Ele não só corroborou com a tese de Blatter como acrescentou outras bobagens nascidas de seu pseudointelecto. De uma coisa sabemos de há muito: Pelé jamais sonhou com o que quer que seja.

Fonte: Blog "Doladodelá"
           Revista Carta Capital.

domingo, 27 de novembro de 2011

SINAL FECHADO OU ABERTO?

  Acabo de ler no Terror do Nordeste e publico aqui para conhecimento dos leitores deste blog:

Sinal Fechado começa a se abrir



por Carlos A. Barbosa | novembro 27, 2011
Parece que o esquema de fraude montado no Detran/RN iniciado no governo Wilma de Faria (PSB) e perpetuado no governo Iberê Ferreira (PSB), despertou grande interesse também de democratas e tucanos no Rio Grande do Norte.


Conversas transcritas pelo Ministério Público Estadual com autorização judicial levam a isso. George Olímpio, considerado o principal cabeça do esquema manteve conversas com o suplente de senador João Faustino (PSDB), que por sua vez falou com o senador José Agripino Maia (DEM) que se comprometeu em ter uma conversa com a governadora Rosalba Ciarlini (DEM) e o então secretário-chefe de Gabinete Paulo de Tarso Fernandes. Agripino também teria falado a João Faustino que teria uma conversa com o ministro potiguar José Delgado (STJ) em seu gabinete em Brasília. George Olímpio teria participado também dessa conversa.


Nas transcrições são citadas também o nome do jornalista Cassiano (Arruda) e Marcus Procópio, genro de João Faustino. Cassiano teria falado com João Faustino que se encontrava em São Paulo e que o tucano tinha encontrado uma solução para o impasse criado no governo Rosalba de cancelar o contrato com a Inspar. Diz ainda que Marcus Procópio ligou de um orelhão para Olímpio solicitando a ele para abortar qualquer missão em São Paulo, porque Faustino tinha lhe pedido, “pelo amor de Deus” para não fazer nada em São Paulo.

Nas conversas interceptadas pelo MP fica claro ainda que o vice-governador Robinson Faria (PSD) não concordava com a inspeção veicular e que estava “fora disso” por considerar uma “encrenca”, e que o marido da governadora Rosalba Ciarlini, ex-deputado Carlos Augusto Rosado, não sabia nem quando abriria isso. Segue trechos abaixo:
Faustino garante a George que Agripino iria falar com Rosalba


Jornalista Cassiano Arruda, amigo de José Agripino, é citado na transcrição

Vice-governador Robinson Faria diz que está fora e que isso é encrenca grande

Fonte:Blog do Barbosa

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O PIG E O SEU JOGO SUJO

Ainda envolvido com a pós graduação e sem tempo para fazer as postagens, peço desculpas aos que acessarem pela falta de atualização. Mas ao ler hoje no "Conversa Afiada" do jornalista Paulo Henrique Amorim, carta publicada pela esposa do ainda ministro Carlos Lupi (PDT), falo ainda porque o PIG na sua ânsia de atingir o governo Dilma no seu intuito de derruba-la, escolheu como o da vez, o Lupi.não importando se ele é culpado ou inocente, nem dando chances de defesa e ridicularizando-o quando este tenta lutar contra o veredito já decretado pelo PIG, senti-me na obrigação de reproduzi-la para tentar contrapor nem que seja para um leitor, o jogo sujo e inquizicional do PIG.


Prezado Paulo Henrique

Em primeiro lugar gostaria de agradecer o espaço no CAfiada para o meu texto. Como se não bastasse o Lupi já ter os inimigos que tem, arrumei mais alguns, principalmente na Veja, por conta do texto. Mas a nossa avaliação é que guerra é guerra, e como tal, precisamos todos utilizar as ferramentas (e porque não armas) que temos. E como você vem acompanhando, não está fácil. Por isso não lhe falei antes. Muito obrigado.

Segundo, lhe encaminho um outro texto, desta vez da também jornalista Angela Rocha, ou para os mais próximos, Dona Angela. Esposa do Lupi. Há 30 anos. Fique à vontade com o texto.

Um texto emocionante e completamente desnudo de tudo. Acho que ele mostra muito bem o outro lado da guerra política, e os verdadeiros atingidos nessa porcariada toda que o PIG faz hoje. Acordos políticos e funções nomeadas, recuperam-se. Mas a vida e a família, como diria o velho Maneschão, combativo companheiro, o buraco é mais embaixo.

Abraços Paulo Henrique. Continue contribuindo de sua trincheira para um debate amplo sobre nossa sociedade. Durante os últimos cinco anos aqui em Brasília com Lupi senti muitas vezes vergonha de ter escolhido a carreira de Jornalista. Mas quando me arrependo, dou uma navegada no seu Blog ou bato um papo com o velho e lembro que vale a pena, porque os picaretas, apesar de falarem mais alto, são minoria.

Max Monjardim

Caso Lupi: a outra versão da história


Você tem direito de ter a sua verdade. Para isso você precisa conhecer todas as versões de uma história para escolher a sua. A deles é fácil, é só continuar lendo a Veja, O Globo, assistindo ao Jornal Nacional. A nossa vai precisar circular por essa nova e democrática ferramenta que é a internet.


Meu nome é Angela, sou esposa do Ministro do Trabalho e Emprego Carlos Lupi. Sou jornalista e especialista em políticas públicas. Somos casados há 30 anos, temos 3 filhos e um neto. Resolvi voltar ao texto depois de tantos anos porque a causa é justa e o motivo é nobre. Mostrar a milhares, dezenas ou a uma pessoa que seja como se monta um escândalo no Brasil.


Vamos aos fatos: No dia 3 de novembro a revista Veja envia a assessoria de imprensa do Ministério do Trabalho algumas perguntas genéricas sobre convênio, ONGS, repasses etc. Guarda essa informação.


Na administração pública existe uma coisa chamada pendência administrativa. O que é isso? São processos que se avolumam em mesas a espera de soluções que dependem de documentos, de comprovações de despesas, prestação de contas etc. Todo órgão público, seja na esfera municipal, estadual ou federal, tem dezenas ou centenas desses.


Como é montado o circo? A revista pega duas pendências administrativas dessas, junta com as respostas da assessoria de imprensa do ministério dando a impressão de que são muito democráticos e que ouviram a outra parte, o que não é verdade, e paralelamente a isso pegam o depoimento de alguém que não tem nome ou sobrenome, mas diz que pagou propina a alguém da assessoria do ministro.


No dia seguinte toda a mídia nacional espalha e repercute a matéria em todos os noticiários, revistas e jornais. Nada fica provado. O acusador não tem que provar que pagou, mas você tem que provar que não recebeu. Curioso isso, não? O próprio texto da matéria isentava Lupi de qualquer responsabilidade. Ele sequer é citado pelo acusador. Mas a gente não lê os textos, só os títulos e a interpretação, que vêm do estereótipo “político é tudo safado mesmo”.


Dizem que quando as coisas estão ruins podem piorar. E é verdade. Na terça-feira Lupi se reúne na sede do PDT, seu partido político em Brasília para uma coletiva com a imprensa. E é literalmente metralhado não por perguntas, o que seria natural, mas por acusações. Nossa imprensa julga, condena e manda para o pelotão de fuzilamento.


E aí entra em cena a mais imprevisível das criaturas: o ser humano. Enquanto alguns acuados recuam, paralisam, Lupi faz parte de uma minoria que contra ataca. Explode, desafia. É indelicado com a Presidenta e com a população em geral. E solta a frase bomba, manchete do dia seguinte: “Só saio a bala”. O que as pessoas interpretaram como apego ao cargo era a defesa do seu nome. Era um recado com endereço certo e cujos destinatários voltaram com força total.


Era a declaração de uma guerra que ainda não deixou mortos, mas já contabiliza muitos feridos. Em casa, passado o momento de tensão, Lupi percebe o erro, os exageros e na quinta-feira na Comissão de Justiça do Congresso Nacional presta todos os esclarecimentos, apresenta os documentos que provam que o Ministério do Trabalho já havia tomado providências em relação às ONGs que estavam sendo denunciadas e aproveita a oportunidade para admitir que passou do tom e pede desculpas públicas a Presidenta e a população em geral.


A essa altura, a acusação de corrupto já não tinha mais sustentação. Era preciso montar outro escândalo e aí entra a gravação de uma resposta e uma fotografia. A resposta é aquela que é repetida em todos os telejornais. Onde o Lupi diz “não tenho nenhum tipo de relacionamento com o Sr Adair. Fui apresentado a ele em alguns eventos públicos. Nunca andei em aeronave do Sr Adair”.


Pegam a frase e juntam a ela uma foto do Lupi descendo de uma aeronave com o seu Adair por perto. Pronto. Um novo escândalo está montado. Lupi agora não é mais corrupto, é mentiroso.


Em algum momento, em algum desses telejornais você ouviu a pergunta que foi feita ao Lupi e que originou aquela resposta? Com certeza não. Se alguém pergunta se você conhece o Seu José, porteiro do seu prédio? Você provavelmente responde: claro, conheço. Agora, se alguém pergunta: que tipo de relacionamento você tem com o Seu José? O que você responde? Nenhum, simplesmente conheço de vista.


Foi essa a pergunta que não é mostrada: que tipo de relacionamento o Sr tem com o Sr Adair? Uma pergunta bem capciosa. Enquanto isso, o próprio Sr Adair garante que a aeronave não era dele, que ele não pagou pela aeronave e que ele simplesmente indicou.


Quando comecei na profissão como estagiária na Tribuna da Imprensa, ouvi de um chefe de reportagem uma frase que nunca esqueci: “Enquanto você não ouvir todos os envolvidos e tiver todas as versões do fato, a matéria não sai. O leitor tem o direito de ler todas as versões de uma história e escolher a dele. Imprensa não julga, informa. Quem julga é o leitor”.


Quero deixar claro que isso não é um discurso para colocar o Lupi como vítima.  O Lupi não é vítima de nada. É um adulto plenamente consciente do seu papel nessa história. Ele sabe que é simplesmente o alvo menor que precisa ser abatido para que seja atingido um alvo maior. É briga de cachorro grande.


Tentaram atingir o seu nome como corrupto, mas não conseguiram. Agora é mentiroso, mas também não estão conseguindo, e tenho até medo de imaginar o que vem na sequência.


Para terminar queria deixar alguns recados:


Para os amigos que nos acompanham ou simplesmente conhecidos que observam de longe a maneira como vivemos e educamos os nossos filhos eu queria dizer que podem continuar nos procurando para prestar solidariedade e que serão bem recebidos. Aos que preferem esperar a poeira baixar ou não tocar no assunto, também agradeço. E não fiquem constrangidos se em algum momento acompanhando o noticiário tenham duvidado do Lupi. A coisa é tão bem montada que até a gente começa a duvidar de nós mesmos. Quem passou por tortura psicológica sabe o que é isso. É preciso ser muito forte e coerente com as suas convicções para continuar nessa luta.


Para os companheiros de partido, Senadores, Deputados, Vereadores, lideranças, militantes que nos últimos 30 anos testemunharam o trabalho incansável de um “maluco” que viajava o Brasil inteiro em fins de semana e feriados, filiando gente nova, fazendo reuniões intermináveis, celebrando e cumprindo acordos, respeitado até pelos adversários como um homem de palavra, que manteve o PDT vivo e dentro do cenário nacional como um dos mais importantes partidos políticos da atualidade. Eu peço só uma coisa: justiça.


Aos colegas jornalistas que estão fazendo o seu trabalho, aos que estão aborrecidos com esse cara que parece arrogante e fica desafiando todo mundo, aos que só seguem orientação da editoria sem questionamento, aos que observam e questionam, não importa. A todos vocês eu queria deixar um pensamento: reflexão. Qual é o nosso papel na sociedade?


E a você Lupi, companheiro de uma vida, quero te dizer, como representante desse pequeno nucleozinho que é a nossa família, que nós estamos cansados, indignados e tristes, mas unidos como sempre estivemos. Pode continuar lutando enquanto precisar, não para manter cargo, pois isso é pequeno, mas para manter limpo o seu nome construído em 30 anos de vida pública.


E quando estiver muito cansado dessa guerra vai repousar no seu refúgio que não é uma mansão em Angra dos Reis, nem uma fazenda em Goiás, sequer uma casa em Búzios, e sim um pequeno sítio em Magé. Que corrupto é esse? Que País é esse?

On Qua 16/11/11 10:28 , Max Monjardim maxmonjardim@gmail.com sent:

Angela, este foi o email, com data e hora de quando a Veja nos mandou.

Vamos lá.

Beijo

Max

———- Mensagem encaminhada ———-
De: Paulo Celso Pereira
Data: 3 de novembro de 2011 19:35
Assunto: Perguntas VEJA
Para: “maxmonjardim@gmail.com” , “arthur.machado@mte.gov.br”


Pessoal,



A entrevista pessoal com o responsável pelos convênios nos permitiria ser mais detalhistas. Mas como não é possível, seguem algumas perguntas:




– Quais são os programas de qualificação profissional do ministério?




– Quanto o ministério aplicou nesses programas, ano a ano, desde que o ministro Carlos Lupi assumiu a pasta?




– Quanto havia sido aplicado nesses programas, ano a ano, entre 2003 e 2007?




– Quantas ONGs foram contratadas nesse período?




– Quantos casos de irregularidades foram constatados pelas auditorias e supervisões internas?




– Quantos convênios estão hoje sem receber repasses por conta desses indícios de irregularidades?




Muito obrigado,


Paulo Celso Pereira



Repórter – VEJA

domingo, 4 de setembro de 2011

COMBATE A CORRUPÇÃO DE FORMA SÉRIA


 Do Blog do Luis Nassif:
Por Assis Ribeiro
Fórum de Interesse Público
O Centro de Referência do Interesse Público (Crip), da UFMG, aborda temas como corrupção, democracia participativa, sociedade civil e instituições públicas
Por Leonardo Avritzer
O grupo de intelectuais que se reúne em torno do CRIP tem uma preocupação de longo prazo com a corrupção e seu impacto no sistema político brasileiro. Em nossas pesquisas, identificamos que a população brasileira considera a corrupção um grave problema, dos mais graves enfrentados pelo país.

Mas a ideia de que a corrupção no Brasil é causada pela presença de um ou de outro mau político ou administrador no governo e que a sua retirada ou a retirada de todos eles deixaria o país livre da corrupção, constitui uma ideia completamente equivocada.
Sendo assim, a ideia de que o que o país necessita é uma “faxina”, tal como temos lido todos os dias na grande imprensa nas últimas semanas, é uma ideia completamente equivocada por dois motivos: porque é evidente que sem corrigir alguns processos na organização do estado e do sistema político, a corrupção voltará a estar presente nestes mesmos lugares; segundo porque a seletividade desta “faxina” pautada por alguns órgãos da grande imprensa irá desestruturar o governo e sua base de sustentação sem gerar um governo ou um estado menos corrupto.
A corrupção no Brasil tem duas causas fundamentais e sem identificá-las não é possível combatê-la. A primeira destas causas é o sistema de financiamento de campanhas políticas. O Brasil tem um sistema de campanha absolutamente inadequado, no qual os recursos públicos alocados aos partidos são absolutamente insuficientes.
  
O problema do financiamento do sistema político acaba sendo resolvido nas negociações para a sustentação do governo no Congresso. As coalizões de governo são fundamentais para assegurar a maioria do Executivo no Congresso, já que, desde a eleição de 1989, o partido do presidente não alcança mais do que 20% dos votos para o congresso.
Mas o problema é que estas coalizões se tornaram um sistema de troca no qual a indicação de políticos da base governista para cargos no executivo federal torna-se uma forma de arrecadação de recursos de campanha para os partidos. Ao mesmo tempo, as emendas de bancada, especialmente as coletivas, são frequentemente pensadas como forma de arrecadar recursos para os partidos.
Essa é uma das origens importantes dos escândalos recentes, que, diferentemente do que lemos na grande imprensa, afetam todos os partidos que fazem parte das coalizões de governo desde 1994.
Portanto, sem rever profundamente o sistema de financiamento dos partidos não é possível extinguir este processo. Ao mesmo tempo, é urgente rever o esquema de emendas parlamentares que se tornou um tremendo desperdício de recursos públicos.
Seria mais interessante que este processo de emendas tivesse origem na sociedade civil e estivesse a cargo, por exemplo, da comissão de legislação participativa do Congresso, para que tivéssemos a certeza que estas emendas atendem, de fato, aos interesses da sociedade mais ampla.
Há um segundo elemento que é importante ter em mente que é o sistema de controle da corrupção no Brasil e sua relação com o poder Judiciário. O Brasil passou a ter depois de 1988 um sistema relativamente bem estruturado de controle da corrupção.
Essa estruturação iniciou-se com a nova lei orgânica dos tribunais de conta de 1992, que deu a estes prerrogativas novas, tais como a paralisação de obras. O Brasil também criou a CGU em 2001 e, a partir de 2003 o governo federal iniciou as chamadas “operações da Polícia Federal” contra a corrupção.
Todas estas iniciativas são extremamente importantes e têm sido exitosas, em particular as operações da polícia federal. Sabe-se mais sobre a corrupção hoje e mais casos decorrupção foram descobertos recentemente do que em governos anteriores.
No entanto, este fenômeno pode dar margem a interpretações erradas, como a ideia frequentemente veiculada pela grande imprensa de que jamais houve tanta corrupção no Brasil.
Ainda que seja difícil dizer com algum embasamento científico se tal fato é verdadeiro, já que a corrupção é um ato secreto feito por indivíduos que não estão dispostos a divulgar os seus feitos, o mais provável é que estamos descobrindo casos de corrupção existentes há muito tempo e não novos casos. Pesquisas do CRIP em 2008 e 2009 mostram que essa é a visão da opinião pública brasileira a respeito da corrupção.
Então o problema talvez esteja menos ligado àquilo que se tem sido chamado de “faxina”, mas a outro problema que é a impunidade, especialmente quando os casos mais importantes chegam ao poder Judiciário.
Se partirmos do pressuposto de que está em curso uma atuação dos órgãos de controle da corrupção no sentido da coibição do fenômeno através de um conjunto de atividades dos TCU’s, da CGU e da Polícia Federal, a pergunta correta que se deve fazer é por que o risco de ser corrupto no Brasil não aumentou.
A resposta se assenta na lentidão do poder Judiciário. Como sabemos, o Judiciário brasileiro possui quatro instâncias e opera com a presunção da inocência, interpretada de forma positivista e ultrapassada. Assim, a certeza da culpabilidade só pode ser feita no flagrante, o que ocorre muito raramente em crimes de corrupção ou do colarinho branco.
Eles não são visíveis da mesma forma que um roubo no qual há o flagrante. Assim, a nossa presunção da inocência baseada no positivismo do século XIX acaba associada a uma concepção absurda de transitado em julgado que garante a tranquilidade dos corruptos e dos corruptores (categoria, aliás, inexistente no vocabulário da grande imprensa no país).
O problema do nosso transitado em julgado é que as condenações de primeira e segunda instâncias – e frequentemente as de terceira instância – são absolutamente inócuas. Somente com uma mudança deste rito será possível aumentar o custo da corrupção e, assim, diminuir a sua incidência.
Chegamos, portanto, ao nó do nosso problema. Não só a questão da corrupção não está ligada àquilo que está sendo denominada de “faxina”, como essa faxina será absolutamente inócua a não ser na sua capacidade de desorganizar o governo.
É necessário começar a discutir seriamente no Brasil duas questões: reforma política – em especial, reforma no financiamento de campanha – e reforma no sistema de punição dos delitos – em particular dos delitos políticos.
O futuro do combate à corrupção no Brasil se assenta no destino de duas reformas ainda não plenamente implantadas no Brasil, a ficha limpa e a emenda Peluzzo. Ambas as iniciativas têm capacidade de fazer o que a “faxina” não tem: aumentar o custo de ser corrupto no Brasil criando riscos reais para as carreiras políticas e para o patrimônio dos políticos.
Se nos contentarmos com a “faxina” seletiva proposta pela grande imprensa, corremos o risco de simplesmente mudarmos as pessoas de lugar sem nenhuma consequência real.
Aliás, uma pergunta que cabe a fazer à grande imprensa e que não quer se calar: por que é que nenhum dos órgãos da grande imprensa brasileira publica matérias sobre os casos que derrubaram os quatro ministros do governo Dilma no dia seguinte após a sua demissão? Será por que os objetivos ocultos da “faxina” já foram alcançados?

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

JORNALISMO?


Do Blog "DoLadodeLá", do jornalista Marco Aurélio Mello:

07/08/11

O Gigante no Pântano


A divulgação este fim de semana dos Princípios Editoriais das Organizações Globo tem por finalidade dar uma resposta à sociedade que clama por regulação. Eles sabem que não podem mais continuar fazendo o que vinham fazendo e tentam se antecipar à legislação para criar um ambiente favorável, no sentido de argumentar que, sozinhos, são capazes de impor uma norma de conduta. Nada mais falso, como conta Rodrigo Vianna (aqui).

Pesquisas qualitativas tem demonstrado que o público voltou a ter antipatia pelo jornalismo praticado pela emissora. O monopólio da verdade acabou. Com o advento da internet (que eles próprios elogiam, já que têm enormes interesses comerciais e investimentos nesse setor) o consumidor de informação deixou de ser massa acrítica. Hoje, uma informação veiculada por eles é confrontada em seguida logo depois, com fez o xará Mello (aqui).

Para trazer informação de qualidade é preciso não ignorar o contraditório, não fazer juízos apressados e preconceituosos, não testar hipóteses irresponsavelmente e não subestimar a capacidade de seu público. Muitos podem até absorver conteúdo inercialmente, mas muitos também estão dispostos a dizer basta. Basta de manipulação, basta hipocrisia, basta de irresponsabilidade (aqui).

Ao definir o jornalismo que fazem, ressaltam: "Livre de prismas e de vieses, pelo menos em intenção, restará apenas o noticiário. Mas, se de fato o objetivo do veículo for conhecer, informar, haverá um esforço consciente para que a sua opinião seja contradita por outras e para que haja cronistas, articulistas e analistas de várias tendências." Desafio os leitores a encontrarem vozes dissonantes em política e economia, por exemplo. Vejam uma amostra do que fazem (aqui).

Informação de qualidade, segundo o documento, tem que ter: isenção, correção e agilidade. Ótimo, bom tripé. No entanto, o jornalismo da emissora não é isento. Posso garantir - como ex-funcionário durante 12 anos - que todo conteúdo "sensível" à emissora, não só é acompanhado de perto pela direção como é modificado e devolvido para os jornalistas. E ai daquele que ouse discordar.

Na seção II o documento prega a relação entre os jornalistas e as fontes. Posso afirmar, são no geral muito promíscuas. Como a TV é vitrine, quase sempre o que temos entre repórter e entrevistado é uma relação pautada pelo interesse recíproco. Como o alcance sempre foi grande, muitas "fontes" se acostumaram a frequentar os noticiários, mesmo quando suas declarações com frequência eram retiradas de contexto.

Quanto aos valores, "As Organizações Globo serão sempre independentes (dependendo do patrocinador - grifo meu), apartidárias (quando o PSDB não estiver no pleito - grifo meu), laicas (quando o Papa não se pronunciar oficialmente - grifo meu)." E prossegue: "Não serão, portanto, nem a favor nem contra governos, igrejas, clubes, grupos econômicos, partidos. Mas defenderão intransigentemente o respeito a valores sem os quais uma sociedade não pode se desenvolver plenamente: a democracia, as liberdades individuais, a livre iniciativa, os direitos humanos, a república, o avanço da ciência e a preservação da natureza." Aqui deixo para os leitores comentarem.

Rede Globo lança Código de Ética e o descumpre numa mesma edição do Jorn...

O TERROR DOS ULTRA-LIBERAIS

 Transcrito do Vi o Mundo, do Jornalista Azenha:
7 de agosto de 2011 às 23:17

Maria da Conceição Tavares: Vivendo a treva, na mão dos ultra-liberais

Economia| 05/08/2011 | Copyleft
“Colapso do neoliberalismo sob o tacão dos ultra-neoliberais: é a treva!”
“Não, não é um quadro com o de 1929. Aquele teve um ápice, com recidivas, mas ensejou um desdobramento político que inauguraria um outro ciclo, com Roosevelt e o New Deal. O que passamos agora é distinto de tudo isso”, diz a economista Maria da Conceição Tavares, em entrevista à Carta Maior. E adverte: “Todavia não menos grave e talvez mais angustiante. É um colapso enrustido, arrastado, latejante. Sim, você tem a comprovação empírica do fracasso neoliberal; mas e daí? São eles que estão no comando, ou será o quê esse arrocho fiscal nos EUA enfiado pelo Tea Party na goela do Obama? Vivemos um colapso do neoliberalismo sob o tacão dos ultra-neoliberais: isso é a treva!”
As manifestações mórbidas de ortodoxia fiscal nos EUA e, antes, o martírio inútil da Grécia, mas também as rebeliões de indignação que tomam as ruas do mundo, em contraste com o alarme sangrento da intolerância neonazista vindo da Noruega, romperam uma blindagem de opacidade e resignação que revestia a crise mundial.
Depois de anos de abordagem asséptica por parte dos governos, e do tratamento complacente e obsequioso desfrutado na mídia, causas e conseqüências da débâcle mais ruidosa do capitalismo desde 1929 adquirem progressiva transparência.
Arcado sob um vácuo de liderança assustador, os EUA de Obama e do Tea Party, mas também a Europa da rendição socialdemocrata, expõem a dimensão política da crise, que realimenta seu impasse econômico.
Nos confrontos de rua entre uma população desesperada e um poder político de representatividade dissolvente, desnuda-se a brutal incompatibilidade entre os mercados financeiros desregulados e os valores da democracia. Na ascendência do Tea Party, pautando um arrocho ortodoxo que joga o planeta às portas de uma Depressão, desaba a confiabilidade na democracia norte-americana que se transforma em fator de insegurança mundial.
A conversa fiada dos centuriões midiáticos que durante o ciclo neoliberal venderam o peixe podre, segundo o qual, democracia e laissez-faire selvagem são personas indissociáveis do capitalismo desregulado, derreteu. Da poça de desilusão escorre um veio de discernimento que se espalha aos poucos pelas praças do mundo: a crise só será efetivamente superada com uma democracia reinventada pela participação popular.
O movimento não se completa, todavia, apesar da truculência incomum, porque a explosão carece, ainda, daqueles atores dos quais se espera , historicamente, a expressão organizada e programática do conflito social: os partidos políticos, mais especificamente, as legendas alinhadas ao campo da esquerda.
Tal vazio afirma a natureza verdadeiramente sistêmica da atual crise, cujo atributo não se restringe ao colapso do corpo econômico de uma época. A crise paradoxalmente trouxe a política de volta porque nenhuma solução de mercado resolverá os impasses causados por ele e por seus mitos.
Essa singularidade não passa desapercebida pelos que se debruçam, como sempre se debruçaram, na análise das crises e impasses do sistema capitalista em busca de respostas progressistas para o presente e o futuro do desenvolvimento brasileiro. Entre as mais importantes contribuições desse indispensável engajamento intelectual está a voz da professora Maria da Conceição Tavares.
Em março deste ano, quando Obama se preparava para aterrissar no Brasil, em meio a confetes e serpentinas de uma mídia obsequiosa, a narrativa dominante saltitava ao som de um novo samba enredo.
Um esforço coreográfico enorme procurava convencer o distinto público sobre a veracidade de algumas fantasias e adereços. A saber: a viagem era um ponto de ruptura entre a ‘política externa de esquerda’ do Itamaraty – leia-se de Lula , Celso Amorim e Samuel Pinheiro Guimarães – e o suposto empenho da Presidenta Dilma em uma reaproximação ‘estratégica’ com o aliado do Norte; a visita selaria um a nova agenda, ‘uma reconciliação’ entre Brasília e Washington ancorada em concessões e acordos expressivos; Obama seria o paradigma de uma modernidade a ser seguida por Dilma, distinta do ‘populismo’ político e econômico da ‘escumalha’ latinoamericana –ele usa twitter, é cool, não gosta de Lula, nem de Chávez.
Em entrevista à Carta Maior algumas horas antes daquela prometida apoteose que, como é sabido, redundou em fiasco, a professora Maria da Conceição Tavares aspergiu certeiras bisnagas de realismo sobre o entrudo inebriado. E avisou: “Obama não tem nada a nos oferecer. Quase nada depende da vontade de Obama, ou dito melhor, a vontade de Obama quase não pesa nas questões cruciais. A sociedade norte-americana encontra-se congelada pelo bloco conservador por cima e por baixo. Os republicanos mandam no Congresso; os bancos tem hegemonia econômica; a tecnocracia do Estado está acuada.”E arrematou: “Obama foi anulado pelo conservadorismo de bordel da direita norte-americana”.
Carta Maior voltou a conversar agora com a economista a quem todos ligam quando o mundo despenca e é preciso saber para que lado ir. E é isso que o mundo está fazendo há dias, metafórica e financeiramente: despencando.
A extrema direita republicana pautou Obama, como Conceição havia antevisto; asfixiou a política fiscal da maior economia do planeta. O anúncio de cortes de gastos públicos da ordem de US$ 2,4 trilhões de dólares sobre um metabolismo econômico combalido, equivale a ordenar aos mercados que imitem o Barão de Munchausen e se ergam pelos próprios cabelos. O Barão de Munchausen era um contador de lorotas. Só a convicção colegial desastrosa do Tea Party no laissez-faire – cujo equivalente nativo é a mídia e seus consultores – pode inspirar-se nas metáforas capilares do velho Barão para pautar os destinos da economia e da sociedade.
Os mercados sabem que a coisa não funciona assim. Investidores e especuladores urbi et orbi farejaram o desastre e se anteciparam fugindo em massa de ações e títulos, candidatos a perder o valor de face na recessão em curso.
Antes de atender Carta Maior, a professora Maria da Conceição já havia recebido telefonemas de Brasília, com a mesma inquieatação: ‘E agora?’.
A decana dos economistas brasileiros entende de crise. Ela nasceu em abril de 1930, poucos meses depois da 5º feira negra de outubro de 1929, quando as bolsas reduziram todo um ciclo a riqueza especulativa a pó e pânico. Em questão de horas.
A voz rouca de quem viveu e estudou todas as demais crises do capitalismo no século XXI, vai logo avisando: “Não, não é um quadro com o de 1929. Aquele teve um ápice, com recidivas, mas ensejou um desdobramento político que inauguraria um outro ciclo, com Roosevelt e o New Deal. O que passamos agora é distinto de tudo isso”.
Maria da Conceição faz uma pausa para para advertir em seguida: “Todavia não menos grave e talvez mais angustiante. É um colapso enrustido, arrastado, latejante. Sim, você tem a comprovação empírica do fracasso neoliberal; mas e daí? São eles que estão no comando, ou será o quê esse arrocho fiscal nos EUA enfiado pelo Tea Party na goela do Obama? Vivemos um colapso do neoliberalismo sob o tacão dos ultra-neoliberais: isso é a treva!’ , desabafa a professora que recém passou por uma cirurgia delicada, tenta moderar a voz e a contundência, mas seu nome é Maria da Conceição Tavares. Bem, ela reforça o torque satisfeita com a síntese enunciada e sublinha, inclemente: ‘É a treva!’
A professora de reconhecida bagagem intelectual, respeitada mesmo pelos que divergem de seus pontos de vista, normalmente prefere não avançar na reflexão política e ideológica. Mas neste caso insiste: ‘Não é um fascismo explícito, como se viu na Europa, em 30. Até porque o nazismo, por exemplo – e isso não abona em nada aquela catástrofe genocida, postulava o crescimento com forte indução estatal. O que se tem hoje é o horror de um vazio político de onde emergem as criaturas do Tea Party e coisas assemelhadas na Europa. Não há ruptura na crise, mas sim, permanência e aprofundamento. Será uma crise longa, penosa, desagragdora, mais próxima da Depressão do final do século XIX, do que do crack de 1929”.
A seguir, trechos da conversa de Maria da Conceição Tavares com Carta Maior:
Carta Maior – No caso do Brasil, no que esta crise difere da de 2008 que superamos rapidamente? Dá para usar a mesma receita de então?
Maria da Conceição Tavares— “É muito difícil (suspira). Primeiro, pela natureza arrastada, enrustida desse longo crepúsculo. Você fica a tomar medidas pontuais. Tenta mitigar a questão do câmbio para evitar a concorrência predatória das importações. Mas tem efeito limitado. Voce aperta os controles aqui, mas o dólar está derretendo lá fora. Está derretendo sob o peso da recessão e do imobilismo político de quem deveria tomar as rédeas da situação. O Brasil não tem como impedir que o dólar derreta no sistema financeiro mundial.
CM—Isso foi diferente em 2008…
MCT—Em 2008 nós tivemos um efeito oposto; capitais em fuga migraram de várias partes do mundo, de filiais de bancos e multinacionais, para socorrer a quebra das matrizes na Europa e nos EUA. Então o que houve ali foi uma desvalorização cambial; o Real ficou mais fraco. Isso facilitou as coisas pelo lado das exportações e da contenção de importações, ainda que quase tenha levado à breca aqueles que especulavam contra a moeda brasileira, fazendo hedge fictício para ganhar na desvalorização. Mas do ponto de vista macroeconômico foi um quadro mais favorável. Hoje é o inverso.
CM – As reservas atuais, da ordem de US$ 340 bilhões são um alento?
MCT—Também há diferenças desfavoráveis nas contas externas. As reservas hoje são basicamente formadas pela conta de capitais; não tanto pelo superávit comercial, como era então. Significa que hoje são a contrapartida de algo fluido, capitais que não sabemos exatamente se representam investimento produtivo, de mais longo curso, ou especulação capaz de escapar abruptamente. Sobretudo, tenho receio porque uma parte considerável desse ingresso é dívida privada. Com a anomalia dos juros, os maiores do mundo – a nossa herança maldita – e a oferta barata e abundante de dinheiro lá fora, nossas empresas se endividaram a rodo. Se houver uma reversão do ciclo, se o dólar se valorizar, o descasamento entre um passivo em dólar e receitas em reais, no caso de quem não exporta, ou exporta pouco, será traumático. Essa contabilidade hoje por certo é mais grave do que o passivo em hedge que quase quebrou grandes grupos brasileiros em 2008.
CM – Então a margem de manobra do governo Dilma é menor?
MCT – (suspira) Estávamos melhor antes. E muito do que fizemos então não dá para fazer agora…

CM—Mas o governo pode…
MCT— O governo Dilma poderá agir de forma distinta e contundente se a crise virar o Rubicão; aí tudo é lícito e possível.
CM – Por exemplo?
MCT – Por exemplo centralizar o câmbio; controlar importações, remessas etc.
CM— E enquanto isso não ocorre?
MCT – Mas enquanto se arrasta assim, uma crise enrustida, que vai minando, desagregando, sem ser confrontada, fica difícil. Você toma medidas pontuais que se dissolvem.
CM – Há uma superposição de colapso do neoliberalismo com esfarelamento político que realimenta e reproduz o processo?
MCT – Veja, é um colapso empírico da agenda do neoliberalismo. Avulta que a coisa é um desastre e os meus colegas economistas dessa cepa, espero, devem estar conscientes disso. Mas que poder tem os economistas? Nenhum. O poder que conta está nas em outras mãos, a dos responsáveis pela crise. Vivemos um colapso neoliberal sob o tacão dos ultra-neoliberais. Não estamos falando de gente normal, é preciso entender isso. Não são neoliberais comuns. Meu Deus, o que é isso que estão fazendo nos EUA? É a treva! Vivemos um colapso do neoliberalismo sob o tacão dos ultra-neoliberais: isso é a treva! E ela se espalha desagregando, corroendo.

CM—Devemos nos preparar para uma crise longa?
MCT—Sem dúvida. Por conta dessa dimensão autofágica que não enseja um desdobramento político à altura, que inaugure um novo ciclo, como foi com Roosevelt e o New Deal em 29.

CM—As bases sociais do New Deal não existem mais nos EUA?
MCT – Não existem mais. Obama é o reflexo disso. É uma liderança intrinsecamente frouxa. Não tem a impulsão trabalhista e progressista que sustentou o New Deal. É frouxo. Seu eleitorado é difuso ah, ótimo, ele se comunica com os eleitores pelo twitter, etc. E aí? É uma força difusa, desorganizada, estruturalmente à margem do poder. Está fora do poder efetivo no Congresso que é da direita, dos ricos, dos grandes bancos e grandes corporações, como vimos agora no desenho do pacote fiscal. Está fora da indústria também que foi para a China. Esse limbo estrutural é o Obama. Ele pode até ser reeleito, tomara que seja. A alternativa é amedrontadora. Mas isso não mudará a sua natureza frouxa.

CM— Se não existe o componente político que assemelhe essa crise a de 1929, então o que é isso, essa’ treva’ que estamos vivendo?
MCT— (ri) Uma treva é uma treva… O que passamos agora é distinto de tudo o que se viu em 29…Todavia não menos grave e talvez mais angustiante. É um colapso enrustido, como eu disse. Arrastado, latejante, sob o tacão de forças como essas dos ultra-neoliberais. Tampouco é um fascismo explícito, porém, como se viu na Europa, em 30. Até porque o nazismo, por exemplo, e isso não abona em nada aquela catástrofe genocida, postulava o crescimento com forte indução estatal. O que se tem hoje é o horror; um vazio político de onde emergem essas criaturas dos EUA, e coisas assemelhadas na Europa. Será uma crise longa, penosa, desagragdora, mais próxima da Depressão do final do século XIX…
CM- O declínio de um império, como foi o declínio do poder da Inglaterra no final século XIX?
MCT—Sim, é um quadro mais próximo daquele. O poder inglês foi sendo contrastado por nações com industrialização mais moderna. Um arranjo com estrutura de integração superior entre a indústria e o capital financeiro e que aos poucos ultrapassaria a hegemonia inglesa. Foi uma quebra, uma inflexão entre o capitalismo concorrencial e o capitalismo monopolista. A Inglaterra que havia sido a ‘fábrica do mundo’ perdeu o posto para o agigantamento fabril americano e alemão. Isso se arrastou por décadas. Foi uma Depressão, a primeira Depressão que tivemos no capitalismo (durou de 1873 a 1918). Levou à Primeira Guerra, que resultou na Segunda…
CM—Os EUA são a Inglaterra da nossa longa crise… E o novo hegemon?
MCT – As forças que se articularam na sociedade norte-americana, basicamente forças conservadoras, de um reacionarismo profundo, não em condições de produzir uma nova hegemonia propositiva. Claro, eles tem as armas de guerra. Não é pouco, como temos visto. Vão se impor assim por mais tempo. Mas daí não sai um novo hegemon. Vamos caminhar para um poder multilateral, negociado, sujeito a contrapesos que nos livrarão de coisas desse tipo, como a ascendência do Tea Party nos EUA. Uma minoria que irradia a treva para o mundo.

MAIS UMA DA GLOBO

Blogosfera incomoda a Rede Globo

Por Daniel Dantas, no blog De olho no discurso:

Ao acordar agora pela manhã me surpreendi com o nome Organizações Globo entre os Trending Topics Brazil. Fui olhar e... bingo. Rodrigo Vianna e a blogosfera progressista incomodam. Mais que isso: o cuidado da emissora indica que o escrevinhador estava bem informado.



Explico: Rodrigo publicou na sexta-feira à noite a informação, amplamente repercutida em toda a blogosfera, que havia uma determinação editorial de bater em Celso Amorim, nomeado ministro da Defesa. No dia seguinte, a Globo se vê obrigada em divulgar um documento que reúne os princípios editoriais de seus veículos de comunicação.

Houve reportagem no Jornal Nacional e em seus sites de notícias sobre o assunto, descrevendo normas e condutas que o grupo deve seguir com relação ao seu conteúdo jornalístico, como isenção, correção e agilidade.

É no mínimo curioso, para não falar em ridículo, a Globo falar em princípios como isenção, correção e agilidade. Ao ler isso, só posso me lembrar de 2006, na noite da sexta-feira, 29 de setembro, véspera da eleição em primeiro turno e, dia do acidente do Gol. Estava no Rio de Janeiro, em um curso, já havia quase três meses. Nos últimos quinze dias, praticamente, o tema que dominava a campanha entre o presidente Lula e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) era o dôssie com informações contra José Serra e outros tucanos que, supostamente, os envolviam com os irmãos Verdoin e o escândalo dos sanguessugas.

O dossiê vai sempre ficar no âmbito do supostamente, uma vez que ninguém se dispôs a investigar sua veracidade após a prisão dos petistas que estavam prontos a comprá-lo em um hotel de São Paulo. O presidente Lula os batizou de aloprados.

Acontece que o tema passou a monopolizar a eleição nos dias seguintes e houve uma pressão enorme para que a Polícia Federal divulgasse fotos do dinheiro - de impacto visual e eleitoral indubitável. Até que no dia 29, no início da tarde, o delegado Bruno, que havia feito a prisão em flagrante dos envolvidos, desvio um CD com fotos do dinheiro para a imprensa.

O avião da Gol desapareceu dos radares no fim daquela tarde. Era por volta das 18h quando as primeiras notícias sobre o avião desaparecido surgiram na imprensa. Lembro que voltei do curso para o hotel onde me hospedava, no centro do Rio. O Jornal Nacional daquele dia foi totalmente dedicado às fotos do dinheiro - afinal no domingo era a eleição e, tudo indicava, ainda era possível impedir uma vitória de Lula no primeiro turno. Logo após o jornal, no primeiro break da novela, entra um plantão do Jornal da Globo, com William Wack, informando o acidente da Gol.

Na semana seguinte, tive aula com profissionais de grandes veículos nacionais. Entre eles, uma editora do Jornal das Dez, da GloboNews. Eu mesmo perguntei como era a relação com a matriz no que se referia a furos: Era possível à Globo News furar a Globo? Ela deixou claro que não. E, espontaneamente, lembrou o acidente na última sexta-feira. Segundo ela, por volta das 19 h a Globo News já tinha tudo pronto para falar sobre o acidente. Mas havia uma ordem da direção para que nada fosse divulgado até que a Globo noticiasse.

Confesso que na hora ninguém fez uma leitura política do fato. Até que a Carta Capital mostrou como a Globo e Ali Kamel haviam manipulado o caso das fotos em detrimento à queda do avião - porque tinha seus interesses eleitorais, nada isentos ou corretos. E se fosse verdade a versão de Kamel, nenhum pouco ágeis. Afinal, segundo o diretor, a notícia do acidente somente chegou à Globo com o Jornal Nacional no ar. Fazia duas horas que a emissora filha já tinha material pronto para dar a notícia. Se levou duas horas para que a notícia passasse da Globo News para a TV Globo, a se tomar em consideração a versão oficial, a Rede Globo prova ser nenhum pouco ágil.

Mas não é o caso. Havia uma manipulação política dos fatos do dia para beneficiar a candidatura que apoiavam - Alckmin - em detrimento da candidatura do presidente Lula. Do mesmo modo que fizeram em 1989. De modo semelhante a agora, quando a direção editorial da tevê deu ordens de bater em Celso Amorim, conforme denunciou Rodrigo Vianna.

O episódio destaca que o que falamos na Internet pode provocar impactos e problemas para o mainstream da mídia. A Globo reagiu a uma informação publicada em blog por um ex-repórter seu que saiu por não se conformar com a forma parcial de cobertura da eleição de 2006. Essa informação circulou com bastante intensidade nos blogs e redes sociais. A tevê reagiu onde podia provocar mais impacto: até o Jornal Nacional foi convocado para lhe fazer a defesa. E o tema entrou no TTBr.

Mas, como lembra Luiz Carlos Azenha, que também conheceu por dentro as manipulações da Vênus Platinada, em 1989 a emissora também tinha seus príncipios para melhor se exerça a democracia:

A TV Globo também fez uma declaração de princípios, em 1989.

Foi na noite em que o Jornal Nacional transmitiu o resumo do debate eleitoral entre Fernando Collor e Lula, editado de tal forma a destacar as melhores falas de Collor e as piores de Lula.

Collor e Lula disputavam a presidência da República. Collor, com apoio da Globo, venceu a eleição.

Seguiu-se ao resumo do debate uma pesquisa do Vox Populi, então ligado a Collor, mostrando como Collor era “o melhor preparado”.

Então, Alexandre Garcia apareceu no vídeo para dizer:

“Nosso trabalho, como profissionais da televisão, foi e continuará sendo o que fez a televisão nesses dois debates. Manter aberto esse canal de duas mãos entre o eleito e os eleitores, para que melhor se exerça a democracia”.

Foi no mesmo ano em que a ex-namorada de Lula, Miriam Cordeiro, apareceu primeiro no Jornal Nacional e depois na propaganda de Collor dizendo que o ex-metalúrgico Lula tinha pedido a ela que abortasse e feito declarações racistas. Miriam recebeu dinheiro para fazer tais declarações.