quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

É SÉRIO

É SÉRIO
O site do Sindicato dos Arquitetos de São Paulo, na seção de comentários, publica este comentário do arquiteto Euclides Oliveira, veja abaixo:
Meu nome é Euclides Oliveira e exerço a profissão de arquiteto há 39 anos aqui em Sampa, e gostaria de deixar registrado no SASP minha revolta pela contratação de um escritório do "star-system" arquitetônico internacional, sem concorrência. Os fatos1 - O governador de São Paulo que contratou este escritório está em campanha aberta para a Presidência da República e pretende gastar 300 milhões de reais (que já sabemos que se transformarão, durante a obra, em 600 ou 700 milhões) visando um já manjado "Efeito Bilbao", em um estado com enormes carências na área habitacional, educacional, de saúde, fundiária, etc. E pagar ao Herzog & de Meuron 25 milhões de reais enquanto que a FDE, por exemplo, paga cerca de 15 mil reais por projeto de escola aos arquitetos tupiniquins, não deixa de ser uma afronta à nossa classe.2 - O Secretário da Cultura, João Sayad, é um banqueiro (ex?) e político, que ajudou a ferrar o Brasil lá atrás, no plano cruzado do Sarney, além de, quando dono do banco SRL S.A., ter participado ativamente da privatização das Cias. de eletricidade e do Banespa. Só no Brasil mesmo: cultura, artes plásticas, bienais, ficam na mão de banqueiros e políticos profissionais. 3 - Para estar no "star system" internacional não é necessário muito talento arquitetônico, mas sim carisma, ambição social e uma boa assessoria de imprensa. O arquiteto catalão Ricardo Bofill, membro deste "jet-set", disse certa vez que almejava a fama, mas não a do tipo que tiveram Le Corbusier e Walter Groupious, mas sim como a dos Beatles; já Phillip Johnson, ícone maior do estrelismo arquitetônico certa vez respondeu candidamente a um interlocutor que lhe perguntava o porquê de uma solução inusitada: "because I am a bad architect", explicou. Pritzker por Pritzker prefiro mil vezes o Paulo Mendes da Rocha do que o de Meuron.4 - Os estudantes de arquitetura devem estar indignados; por que os fazem estudar arquitetura brasileira, arte brasileira, cultura brasileira, se no final das contas contratam um escritório suíço cujos titulares mal devem saber onde fica o Brasil e sua capital, Buenos Aires.5 - Podemos impedir esta barbaridade sim; no Rio de Janeiro os arquitetos foram a luta contra a pretensão do César Maia de contratar o Jean-Nouvel (outro "pop-star" da arquitetura) para construir o Guggenheim-Rio e venceram a batalha..

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