domingo, 6 de dezembro de 2009

O SUJO E O MAL LAVADO

O SUJO E O MAL LAVADO
Interessante a matéria do "Jornal do Povo", onde podemos ver como se dão o "sujo e o mal lavado":


PSDB deveria ter investigado Yeda e não fez, lembra Maia

Presidente do Dem protesta contra tucanos que atacaram e abandonaram Roberto Arruda

Nós, aqui, leitores, até que queríamos tratar de outras coisas e deixar o Arruda e assemelhados para a polícia – que é a instituição apropriada para tratar de privatizadores, vestais de bordel, falsários, chupins de orçamento, vaselino-vigaristas, servo-banquistas, cleptocratas, camareiras do neoliberalismo e da neo-estupidez & outros ladrões.

Porém, depois da performance do PSDB no caso, não resistimos. Como não somos radicais, não adotaremos como premissa a conclusão científica de alguns de nossos leitores, segundo os quais “a diferença entre o Arruda e o Serra é a careca”. Mas todo mundo sabe que Arruda era ex-tucano e não ex-pefelista. E, pelo número de assinaturas da “Veja” que ele fez o governo do DF comprar (passou R$ 400 mil para os Civita), até que essa conclusão de alguns leitores parece mesmo merecer os encômios destinados à mais alta ciência.

Arruda saiu do PSDB depois da fraude do painel de votação do Senado. Mas, temos de reconhecer, continuou o tucano de sempre. Aliás, um verdadeiro submarino tucano dentro do córrego ex-pefelista. Aí estão o Ronaldo Caiado e o Demóstenes que não nos deixam mentir: querem exterminar o Arruda do Dem, como o velho Detefon exterminava insetos das casas, não pelos malfeitos agora revelados pela PF, mas porque, em Goiás, Arruda estava bancando o Marconi Perilo.

O presidente do Dem, deputado Rodrigo Maia, no entanto, ficou muito escandalizado com o abandono do PSDB ao correligionário que seu partido fez o favor de abrigar na hora ingrata que sucede à descoberta de uma fraude.

Lembrou ele que a direção nacional do Dem “foi solidária com a crise que passa até hoje o PSDB no Rio Grande do Sul e não fez nenhum julgamento”.

Uma declaração bastante interessante. Por coincidência, a operação da Polícia Federal que investiga o roubo aos esgotos (não é brincadeira, leitor) em todo o Rio Grande do Sul chama-se, precisamente, “Operação Solidária”. Segundo o superintendente da PF em Porto Alegre, Ildo Gasparetto, nas obras de esgotos há suspeita de fraudes que chegam a R$ 300 milhões – até agora, segundo a presidente da CPI que investiga o governo Crusius, deputada Stela Farias, já existiam malversações em torno de R$ 340 milhões, incluindo as constatadas pela “Operação Rodin” (o nome deve ser porque Rodin esculpiu a “Porta do Inferno”), que, ao investigar o Detran-RS, encontrou fraudes de R$ 44 milhões. E não vamos falar da famosa casa da governadora ou do enxoval comprado com dinheiro público, que isso é bagatela, perto do resto.

No entanto, como disse o deputado Maia, o Dem ficou, até agora, calado – e apoiando a governadora gaúcha. Podem ter sido – e certamente foram – omissos, mas, pelo menos, foram mais discretos do que Serra e seus colegas tucanos, que assinaram documento avalizando a “longa trajetória política, construída com competência e respeito a princípios éticos” da governadora, e garantindo que as descobertas da PF são apenas para colocar “em segundo plano a importante obra administrativa do Governo Estadual, que vem buscando, com extrema seriedade, o equilíbrio das contas públicas e o resgate da credibilidade interna e externa do Estado”. Naturalmente: a governadora é do PSDB, e não do Dem, ou qualquer outro partido.

Já no Distrito Federal, Arruda (quem mandou ser puxa-saco?) e o Dem que paguem o pato sozinhos, apesar do próprio presidente do PSDB-DF, Márcio Machado, secretário de Obras e candidato ao Senado na chapa de Arruda, ser um dos envolvidos – e com detalhes – nos depoimentos colhidos pela PF. No entanto, o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, não quis saber de investigar o correligionário. Disse que o PSDB se retirava do governo do DF porque “os fatos são gravíssimos”. Guerra, por sinal, é outro dos que assinaram o manifesto de apoio a Yeda Crusius. No DF, supõe-se, o PSDB devia ser a flor do lodo – apesar do lodaçal atingir “apenas” o presidente regional do PSDB, implicado pelos mesmos depoimentos que implicam Arruda.

Diz o deputado Maia que “nós do Dem estamos investigando as denúncias contra um filiado. O PSDB poderia ter investigado a governadora Yeda Crusius, mas não fez”. E nem vai fazer.

O que deixou mais irritado o presidente do Dem foram as insinuações de que, depois da filmoteca da PF sobre o governo Arruda, seu partido não poderia indicar o candidato a vice na chapa do PSDB.

“Se for levar em conta escândalos para definir vaga em chapa, talvez o PSDB nem pudesse lançar candidatura presidencial”, disse Maia. E repetiu: “se crises como essa fossem impeditivos de alguma coisa, talvez o PSDB, se fosse o caso, não poderia ter candidato próprio para presidente”.

Quanto a Arruda, está bem servido: acabou de contratar José Eduardo Alckmin, que vem a ser o advogado de Yeda Crusius. Deve ser um profissional muito experiente nesses assuntos. E até capaz de fazer milagres.

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